sexta-feira, 18 de julho de 2014

Receios.

[Trilha pro texto, galera! Aproveitem!]
   
      E se eu acordar meio estranha, não me estranhe.
      Talvez você não saiba, mas esperei demais, tentei demais, inventei demais; planejei [de menos]. Talvez você não pense, mas o tempo passa e as pessoas mudam - mesmo que não queiram, mesmo que não possam.
Mesmo que tenham prometido o contrário.
      Tenho medo, entende? Medo da sua demora. Eu queria um abraço tolo, uma resposta, justa ao meu "Bom dia!" sincero, uma demonstração qualquer, que nasça primeiro em você - e não em mim, como de costume. Já não é fácil aguentar sozinha a sustentação desse grande abstrato que somos nós. Já não é fácil saber que você tem alguém especial - e que eu não tenho, especialmente, você. Então, tenta ver o meu lado... Tenta notar, tenta enxergar, perceber, concluir, deduzir. O que for!
Mas faz, mesmo assim. Por mim.
      Até porque... E se? E se você não vier, e se você não quiser, e se você a amar, a desejar, a preferir? E se ela for tão certa que oculta as minhas qualidades? E se ela te agradar mais que eu? E se ela for mais bonita, mais sensata, mais mocinha ou mais gentil? As minhas armas são as atitudes - essas mesmas que você não pode retribuir.
E se você realmente me quisesse... Já estaria comigo. Já seria o "nós". Porque a escolha é simples, mas a balança, inevitavelmente, pesa para um lado, não é? E esse lado não é o meu. Não é nosso. Não poderia ser.
      E sabe o que é pior? Eu ainda te esperaria. Se vocês terminassem, e lhe fosse conveniente ficar sozinho, eu esperaria. Se você não me quisesse, me rejeitasse a toda hora e me mandasse ir embora... Eu esperaria - de longe, mas esperaria.
Porque você nem imagina, não é? Que eu lhe escrevo todos os dias, que eu faço votos diários de "bom trabalho!", que Deus cansou de me ouvir pedindo pra Ele cuidar da sua alma. E que se um dia me perguntassem "o que ele fez pra merecer tanto?", eu responderia:
"Nada. Não me julgou. Não me maltratou. Não me menosprezou, não montou imagens. Foi apenas ele, com tudo o que vem no pacote. E isso me bastou; isso me basta."
      Por isso, se eu acordar estranha, não me estranhe tanto. É que a espera dói - e não poder lhe falar sobre tudo... Me paralisa. Me consome. Me faz engolir 1000 palavras que você não pode ouvir. Porque, para todos os efeitos, eu estou só lhe esperando.
Quando, na verdade, eu estou lhe esperando...
Sozinha.

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