terça-feira, 15 de julho de 2014

Fases.

[Fica aí uma soundtrack para o texto. Dê play e curta!]

            Na verdade, eu sou mesmo um livro. Desses, de capa bonita, autor com nome memorável - e, para a infelicidade dos possíveis fãs, uma história sem muitas ressalvas.
Sim, já aprendi sobre isso: na vida, o que importa são as ressalvas.
O resto? Todo o mundo conhece ou tem.
            Daí lá vem aquele curioso, em busca de aventuras e mundos paralelos, abrir-me na última página e ler a última frase, tentando compreender o enredo. Sou daquele tipo complicado, em que não adianta fazer isso - porque meu livro acaba em verbos, e verbos representam ações; ações dão ideia de continuidade e, assim, meu livro parece nunca acabar. E, talvez, não acabe mesmo - às vezes, "me sinto infinta".
Vi isso num filme, quis colocar num texto e coloquei; não exijo referências.
            E se o livro sou eu, e eu sou o livro, meus capítulos são os meus episódios, as pessoas são minhas personagens e meu narrador... Bem, talvez ele mude a cada 3 meses, como uma escova de dentes que desgastou e não serve mais; observar-me é fácil, narrar-me também. Entender... Quem sabe, não?
O melhor de mim é isto: renascer e, ainda assim, ser absurdamente igual ao ano passado, todos os anos.
            Já tentei lutar contra a contradição - me desculpe, seja lá quem você for, se não correspondi às suas expectativas de que eu fizesse sentido. Não faço! Para quê? Ninguém usa o sentido.
Ninguém usa, de fato, a "razão" - porque, no fundo, toda razão é intuição.  Você acha que deve faz algo e faz. Há motivos, causas, estímulos e afins - argumentos, até. Mas o seu "achismo" é a sua tendência, e a sua tendência é a sua essência - e a sua essência não tem nada a ver com córtex, lógica ou 'aritmética cerebral' - se ela existir.
            Mas, voltando ao livro - eu, no caso - tento criar boas histórias novas. Novas histórias boas e histórias novas boas, também. Dia desses olhei para o céu e vi as nuvens cinzas num dia em que eu esquecera o guarda-chuva. Até indico isso a você, seja lá quem for: esqueça o guarda-chuva qualquer dia e, bem, torça para que chova.
Molhar-se é mais poético que se manter seco.
            Tentei, até, me fazer de antologia poética. Sou péssima em rimas, porque sou péssima em encontrar conexões - daí, tentei a prosa. Tento, desde então, saber por que eu me escrevo - ao invés de simplesmente viver. É mais complicado isso, de se escrever. Porque eu começo períodos com pronome oblíquo, coisa que muitos fazem. Gosto de ênclises, simpatizo com a retórica - mas e daí?
Quem sabe o que é oblíquo? Nunca confie num termo que é, ao mesmo tempo, gramatical e matemático. É confuso! E eu sou meio confusa - talvez completamente...
E vai ver é isso!
Eu sou meio oblíqua, também.


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