segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

#Soundtrack - 2014

(Gui, você é eterno. Não há chance d'eu me esquecer da tua luz. Obrigada por ter nos dado a chance de ser nosso amigo.)
         
           2014 não passou, deslizou pelo escorregador do cosmos, porque GENTE, que coisa rápida!
           Acho que esse ano me trouxe tantas mudanças, tantas reviravoltas, tantas maravilhas, e alguns probleminhas engrandecedores, que eu não posso deixar de tratá-lo como um dos melhores que eu já tive, afinal. É sempre um baque profundo mudar de rotina, foco, morada, estilo, mentalidade, eu sei - mas tudo isso é necessário para o nosso crescimento e, bem, talvez eu seja mesmo maior/melhor do que fui em 2013. É assim que eu me sinto, agora.
           Esse blog foi uma das coisas mais legais. Sério, foi a ele que eu realmente dei pulso para funcionar, e sempre que posso trago textos/poemas novos, e eu duvidava muito que pudesse manter uma página na internet. Acho que percebi que se há 20 pessoas, 200 pessoas, 2000 pessoas, ou 2 pessoas lendo o que eu escrevo, não faz tanta diferença, porque escrever por prazer é o que eu gosto, e mesmo que apenas um, ou apenas eu, mantivesse agrado por isso, o Infinitos já valeria a pena - e vale, vale muito, e permanecerá valendo.
           Espero que 2015 seja luz e conquista, para todos. E mesmo sob dificuldades e obstáculos, que saibamos o valor do raio de sol depois da nuvem - ou que saibamos, ainda, o valor poético de um dia nublado; aprender a enxergar o belo nas coisas tristes é uma boa forma de, sabe, não ficar tão triste. É um ano novo, é uma chance nova. Foi isso que eu tirei de melhor de 2014:
erros existem, sempre vão existir, você querendo ou não. Aprendemos observando e errando, é inevitável, e isso não é mau! É preciso. Mas sempre, sempre há chances. Ainda que o abismo se espalhe pela nossa frente - e ele se espalha, muitas vezes - ainda podemos voltar. E mesmo que você pule: os abismos da alma não matam, só atordoam. Superaremos, enfim.
           Feliz ano novo! E, sabem, não é...
           
ATÉ ANO QUE VEM!
(eu precisava fazer essa piada. Desculpa).

                                              10º: The Grand Optimist (City and Colour)


: Céu Azul (Charlie Brown Jr)


: De Onde Vem a Calma (Los Hermanos)


: Asleep (The Smiths)


: Se For pra Tudo Dar Errado (Tópaz)


: When Your Mind's Made Up (Once OST)


: Falling Slowly (Once OST)


: É Você que Tem (Mallu Magalhães)


: Lost Stars (Begin Again OST)



: There Is a Light That Never Goes Out (The Smiths)




Uma dica:
Se você quer dinheiro, trabalhe/ganhe na loteria. Se quer amor, tenha paciência ou procure. Se quer paz, seja uma pessoa pacífica que estimula e propaga a paz. Sua calcinha/sua cueca apenas fazem sua roupa íntima ser colorida, então faça por onde conseguir o que almeja, meu bem.
Feliz 2015!


sábado, 20 de dezembro de 2014

Ansiar.



Tem dias que eu queria teu abraço.
De verdade,
simples e intenso,
puro,
direto.
Aquele abraço diferente da despedida,
aquele abraço diferente do que precede
a ida,
aquele abraço que causa mais
do que diz.

Tem dias que eu queria só um enlaço.
Desses reais,
que me fazem
largar de ser medrosa
e viver o que
tem de melhor.
Enlaço diferente de uma frase solta,
enlaço diferente de uma mentira louca,
enlaço que é promessa feita,
fincada na pele,
marcada no peito.

Tem dias que eu só queria além do olhar.
Algo de dentro pra fora,
que se assume mais
do que se anula.
Além do olhar de retração,
além do olhar de omissão,
além do olhar de não se atrever
a sentir,
ou se permitir,
ou, comigo,
ir.

Tem esses dias que é quase tudo tão difícil
que eu sinto falta
de um facilitador.
Tem dias que é quase tudo tão difícil
que eu sinto falta
de não sentir dor.
Tem dias que é tudo tão difícil

que eu até esqueço

que viver é simples,

se houver amor.


Mas há?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Arriscar.

       

          Eu entendo a dor. Mesmo, sabe? Experiências passadas, presentes e provavelmente futuras. Afinal, ninguém sabe quando é a sua próxima vez de aprender da pior maneira. É a vida, não?        
É sim, é isso. Paciência.
          Mas queria que você soubesse que os fatos até marcam, mas eles são apenas temporários, se você não os vangloriar. E enquanto seu sangue corre mais rápido por tudo aquilo que não pode ser, o sangue de outrem nem corre mais com a melodia do seu nome - se é que, na verdade, um dia correu. E enquanto seu chocolate é 70% amargo, o dela nem meio amargo é. Os planos se perderam num "Não me importa, nunca me importou" que ela proferiu, finalmente. Os dedos entrelaçados, os olhares que tentaram ser profundos, os segredos que se compartilhariam, as fases a serem enfrentadas - as frases a serem ditas, os dias longe a serem contados, as circunstâncias que deviam ser vividas. A probabilidade da tentativa, a intenção da investida, a coreografia ensaiada, realizada...
E, depois, esquecida. Não parece justo e, bem, sabemos que realmente não é.
          Não quero machucar você, lembrando dessas coisas. E, se machuco, me perdoe, mas às vezes é preciso. Mas admita, que prefere manter a mágoa a arriscar de novo - arriscar-se de novo. Convencer-se, ao invés de se permitir. Abdicar, ao invés de conquistar. Abrir mão até de si ao invés de acreditar mais uma vez.
          Nada é tão longínquo. Absolutamente nada. Você, daí de dentro, tem seus problemas, e outro alguém, aqui de fora, também os tem. Talvez tão perto, tão bem camuflado e tão imperceptível...
Alguém que também se prende ao mal que resta, alguém que se contenta com pouco por medo de nada ter; que, se abraçada, tem cheiro de perfume, sabonete e histórias engraçadas (ou nem tanto) para contar. Alguém comum, sabe? Com conflitos, defeitos, restrições a serem superadas. Alguém com renúncias a serem feitas e verdades a serem admitidas, ora, por que não? Há sim. Alguém que se sente obrigada a fazer umas coisas, e que olha certas fotos e pensa "o que é que eu tenho feito mesmo? E por quê, e pra quem?". Ora, há sim.
          Escute, descrente: o amanhã existe!
E ele chega... Ele chega. Você só precisa abrir todos os seus olhos - não só os físicos. Ativar suas percepções.


E enxergar além do que consegue ver.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Imprevistos.



Fácil como olhar o céu.
É assim que esse tal
de encanto
vem.
E talvez fica,
e talvez vai,
mas sempre afeta.
Afeta a você,
instiga quem encanta,
maltrata terceiros.
É assim,
severo e cruel,
inevitável.

E quando você pensa em fugir,
há algo nas estrelas.
Há algo de doce
naquele azedo em comum.
Há algo nas músicas,
há algo nos olhos,
algo nas fotos,
algo nas possibilidades.
Ah, cara...

Possibilidades
encantam muito mais
que realidades.

E por ser tão inviável
se torna
recorrente.
Porque nós gostamos disso,
gostamos de não poder e,
ainda assim,
tentar.
Não dever e,
ainda assim,
fazer,
Não querer e,
ainda assim,
alimentar.
É como nós vivemos:
das surpresas
que nós mesmos
cogitamos.

E quando a estrela -
aquela, tal cadente -
se atrever a passar,
você pede:
"Por favor,
que seja possível".
Mas, cara...

Poderia ser até
impossível.
O impossível,
afinal,
só demora mais.
Mas acontece,
se,
ao invés de se atrever
a pedir a uma estrela,
se atrever
a realizar
o que lhe manda
a intuição.

"E as consequências,
ora?"

Fazem parte
dos riscos
assumidos
apenas
por você.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Desabafos.



Coração
largado,
chorosa eu
te escuto:
é assim
que acontece
o meu amor
astuto.

O meu choro
não visto
é só um
choro chulo:
e é assim
que eu faço
quando a ti
maculo.

Meu macular
latente
é como
o álcool puro:
é assim,
em chamas,
que é teu
porto inseguro,

Teu inseguro
porto
é como um
negro vulto:
se eu desisto,
nasce;
e se eu o quero?
Oculto.

E ocultar
é arte
na qual
teu peito
é culto:
se algo existe,
é negro;
se algo sente,
é vulto.

sábado, 18 de outubro de 2014

Mensagens.

         

          O grande problema das pessoas... Bem, eu não sei qual é. E talvez eu não deva, mesmo, saber; talvez ninguém deva. O fato é que eu escrevo esse texto para dizer que enquanto você lê essa segunda linha, alguns segundos se passaram. E, ao término dos parágrafos, se você não desistir até lá, muita coisa pode ter mudado e, uau, nós nem sabemos onde ou o quê mudou. E eu acho que é justo alguém escrever algo dizendo que o que as coisas são, mas que ainda mais justo é alguém lhes contar que as coisas passam. O tempo, primordialmente, não espera pela sua atitude.
          Gostaria que vocês soubessem que ainda há chances. Nossa, gostaria que vocês acreditassem que sempre vão haver chances! Para se fazer o que, antes, era apenas pretensão; para se falar o que, antes, era apenas pensamento; para se evoluir o que, antes, era apenas plano. Mas, por Deus, nós precisamos fazer algo. Quanto da nossa vida é dispensada pela nossa apologia à dormência? Quantas músicas nos inspiram e... Deixamos a inspiração morrer? É injusto.
          Portanto, quero que você leia isso e acredite que as estações continuarão passando, e que ninguém é feliz sozinho, e que seus amigos falsos não são seus amigos, e que bons amigos ainda virão. E gostaria de dizer que seu encanto pelas pessoas é o reflexo da magia que elas possuem, então, não se gabe por ver o melhor nos outros; saiba que o mérito é também deles, e não apenas seu. E saiba que o homem que lhe abraça, passa as mãos pelas suas costas e lhe dá um beijo-sussurro ao pé do ouvido pode, sim, ser igual a todos os outros homens das outras pessoas; mas o que faz o 'seu-homem-normal' ser especial é que... Ele escolheu estar ao seu lado. Pense bem: nada o prende a você. Ele fica por querer, por vontade, por paixão, por amor. E, se por um erro seu, ele decidir embora amanhã...
O que você terá feito? Qual será a sua marca?
          Sabem... O mundo existiu antes de nós, e existirá depois. E pessoas vieram antes de nós, e outras mais virão depois. E declarações foram feitas antes de nós, e declarações provavelmente melhores serão feitas depois. E o que está nas nossas mãos é o que nós deixaremos aqui. E não me refiro a dinheiro, a carros, a heranças, a vidas promissoras. Falo de lembranças. Momentos. Cartas escritas à mão, porque cartas escritas em computador podem ser confundidas com cobranças do cartão de crédito. Olhares, palavras pronunciadas. Dedicatórias. Presentes com significado, e não apenas com preço além dos duzentos reais. Por favor, nós somos mais que isso.
Façamos mais, também.
          A vida está ao nosso alcance. 
Nós, tolos, é que nos esquecemos que nos erguer e reivindicar o que pode ser nosso. Mas... Lembram-se do que eu disse? Ainda há tempo.
          Textos acabam, leitor. Quase tudo, aliás, tem fim.
Mas cada um de um de nós tem um eterno em si e, agora, eu lhe pergunto:
qual é o seu infinito? Sabe?
Então propague-o. 

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Magma.

Há, no fogo, uma fagulha que centelha
e que move meio mundo de intenções;
ilusórias, melindrosas olarias
- desejadas, ansiadas tentações.

Há, queimando, um bom pão de cada dia
mais pecado que uma meia salvação;
horrorosas, insistentes epifanias
- mal montadas, ideais resoluções.

Há, na cinza, o corpo são que pronuncia
um rio inteiro de vontades e afeições;
programadas, planejadas as mentiras
que ocultam nossas tantas perdições.

Há, no intenso, um prazer que não perece,
e no suave o valor das más paixões;
denegridos ou erguidos pelos dias...
Inefáveis os gemidos:
vulcões.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Anseios.



Leve-me, homem:
por este dia,
que eu seja tua.
Toma-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

Não peço por uma metade tua
- não quero meia carne crua;
quero, apenas, sentir na pele
que, quanto mais o perigo nos repele,
maior incêndio acata a cama,
nua.

Prova-me, homem:
por este dia,
que eu seja tua.
Tenta-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

Esses teus meios, tuas honras, tuas caras,
teus modelos, ponderares, vãs ações;
teus instintos, teus avanços, teus falares...
Tuas vontades, teus tomares...
Nossas lições.

Pega-me, homem;
por este dia,
que eu seja tua.
Usa-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

São segredos mal expressos nos olhares,
e os ímpetos controlados por temor...
Ah, temor! O tal voo desnecessário...
Por que tentas?
Nossos seremos! Para que rubor?

Sonha-me, homem:
por este dia,
que eu seja tua.
Sente-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

Mas dispenso, já agora, o turvo dia
que, tão longo, mostrar-se-á em um sorrir;
e neste dia, nesta hora, pela aurora,
perguntar-lhe-ei:
"Cansaste?
Ou ainda mais longe podes ir?".

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Radicais.



O que há?
É de mim que advém o silêncio,
puro e íntegro, guardado no lenço
dobrado e mantido em segredo tenso
do que, entre nós, nunca se diz?

O que há?
É tão seu esse modo, esse estado
de quem compreende o vago achado
de vida concisa; que é, então, marcado
no chão, largado, pelo o que eu não fiz?

O que há?
Vai ser nosso o caminho, o destino,
a carcaça, a promessa, o desatino
dos que não se enxergam além do motivo,
mas se veem, calados, por mais que um triz?

O que há?
O mantido, em tudo envolto e perdido
pelo abstrato que, tolo, ainda se faz
o meio mais firme e diário dos ais que,
ainda entre nós, se desfazem como giz?

O que há?
Ou não há o que haja?
Que seja.

Achei a linguagem,
perdi a sintaxe:
mas que passe.

Entre o saber e o sentir,
escolho a matriz;
raiz.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Vantagens.


Dizem que amar é sublime,
Dizem,
ainda,
que amar é complicado.
Dizem, dizem e dizem,
que amar é sobrenatural.
Dizem, de novo,
que amar é chato e dói.
Ora, parem de dizer;
- amem primeiro!
Rotulem depois.

Discordo de todos:
penso que amar é,
na verdade,
ser a verdade no momento certo.

Olhar os olhos firmes,
ainda que duvidosos.
Abraçar o corpo macio,
ainda que travado.
Beijar a boca que é viagem,
mesmo sem sair do lugar.

Confiar,
por 2 minutos,
o peso de uma lágrima.
Ou de duas.
Ou de um desabafo inteiro.
Ou, ainda,
de uma incompreensão particular.

Mesmo depois de um dia cansativo,
perder o ônibus
por um beijo
mais caprichado.

Permitir que haja algo mais.
Ali, além da conversa.
Além da certeza,
ou da dúvida.
Além do medo,
da segurança.
Além do normal, sabe?
Algo, ali, que ninguém vê.
Nem mesmo você.

Sorrir por lembrar,
sorrir por companhia,
sorrir sem ser, apenas,
por convenção.
Sorrisos de convenção, amigo,
são os mais tristes.
Sorrisos de amor,
os mais raros.

Na verdade, eu acho
que nem há definição.
Amar é tudo,
e nada.
E é assim que as coisas são,
do mesmo jeito que Charlie
pode ser feliz e triste,
ao mesmo tempo.

Talvez, amar,
seja invisível.
"Você vê as coisas. Você guarda silêncio sobre elas.
E você compreende."

No final, Charlie nem era louco.
Talvez, eu penso,
amasse demais.




*Referências ao livro "As vantagens de ser invisível", de Stephen Chbosky.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Relatividade.

          Nós percebemos, com o tempo, que o amor romântico é superior aquilo que definimos. Não é?
Perdemos horas literárias buscando o conceito de 'amar'. Procurando o cerne da mais clássica ação sentimental (clássica e deturpada, mas tudo bem).
Ao final dos clichês, desistimos. E, talvez, amamos, sem saber.
          Proponho, aqui, uma expansão de abordagem: ao invés do amor escrito, o amor sentido. Ao invés de encontrar amor em Nicholas Sparks, [o mel açucarado da atualidade], encontre o amor em quem você ama. Sim! Óbvio mesmo. E não o defina.
Apenas o encontre. Acredito que bastará.
          Muitas vezes, enquanto olho aquele que me inspira a tantas aventuras de caneta e papel, noto a lacuna de liberdade que me atinge. Sim!
Minha maior inspiração limpa meus pensamentos. Anula forças. Dispensa citações famosas. Não há cliques de surpresa, não há ressalva.
Eu sinto, ali, apenas a observá-lo, um misto de preenchimento e alívio. Algo entre complemento e suprimento de ar. Se eu não tivesse medo de mar, seria como um mergulho no oceano: eu, fora do meu habitat, cercada de animais majestosos e encantos desconhecidos. E, por mais alheia que eu seja, me sinto valiosa por ter visto e sentido aquilo.
Há, na pequenez diante do colossal, uma aura de paz e conforto.
          Portanto, não se desespere na procura de batimentos sem compasso. Suares frios, pernas bambas. Não.
As pessoas amam menos (ou pensam que amam menos) porque acham que amarão como outros amaram. As pessoas (nós todos, incluo-me nisso!) sentem menos porque se comparam demais.
          Recomendo a tentativa de inversão.
Saia de sua caverna. Olhe além.

Diariamente, meu horizonte me sorri.
E é lindo, apesar de todo o medo, ser mais uma em alto mar. 

sábado, 16 de agosto de 2014

Conselhos.


Com frequência,
me perguntam se eu acordo,
todos os dias,
assim.
Sempre "animada".
Respondo:
"Não é apenas ânimo.
É intensidade.
É empenho de viver."

A lição que eu
tiro disso:
alguns perdem
tempo e esforços
só levando
as circunstâncias.
Eu não:
eu as aproveito.

Tenho problemas,
como todo o mundo
tem.
E alguns são difíceis,
como para todo o mundo
alguns são.
Mas, olhe só:
são só problemas.
E, se não passarem,
poderão ser contornados.

A lição que eu
tiro disso:
qualquer soco na cara
pode ser, a longo prazo,
afago na face.

Projota acredita
em amizade.
Fiéis acreditam
em Deus.
Gente 'da paz'
acredita em
boas vibrações.
Faça melhor:
acredite
nos três.

A lição que eu
tiro disso:
crença não é
divergência.
É coesão.

E eu não vivo melhor
que ninguém.
Não sei mais
que os outros.
Não me engano:
otimismo, meu caro, também tem
um lado ruim.
Mas, olhe só:
eu escolhi fazer,
e não só imaginar.
Concretizar,
e não só planejar.
Pronunciar, demonstrar
- e não só amar.
Escolhi, nos sofrimentos,
saber lidar.
Porque não, cara,
as pessoas não são obrigadas
a sentir pena das suas
dificuldades.
Nem você é.

A lição que eu
tiro disso?

Se o meu tempo acabar,
a perda
não vai ser só
choro.
Vai ser,
também,
exemplo.

E você, que acha
graça em errar sempre:
se contradiga um pouco.
Acerte, vez ou outra.
Há tempo.
Até quando,
não sei,
mas há tempo.
Então,
há oportunidades
de realizar mais
do que, simplesmente,
morrer tentando.



Não seja
espectro.
Seja
história,

boa de
se contar.


[ Estrutura textual baseada no trabalho ~maravilhoso~ de http://www.thebrocode.com.br/ ]

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Freios.


Acalme-se. Só um pouco.
Só o tempo de um texto.
Só o tempo de uma inspiração.
Só o tempo de uma brisa que passou.
Acalme-se. Refreie-se.

"Desligue o 'cel' e olhe o céu."
Não criei. Não vi num livro.
Vi num bar.
Sim, num bar.
As pessoas não apenas caem bêbadas.
Tem gente, tipo eu, que nem bebeu.
Mas foi e soube olhar.
Soube apreciar o que tinha ali.
E sempre tem algo.
Nunca é vazio, nunca é absorto.
Tudo é contexto.

Não é ter paciência.
É ter apreço.
Pela vida e pelas chances.
Pelos momentos.
"A vida é feita de momentos."
Não vi num bar.
Vi num filme, que tinha até morte no final.
Foi triste, mas foi bom.
Porque eu acalmei a revolta,
e olhei a vida que restou.
Não há vida para haver morte.
Há morte,
porque há vida.
E tem estágios
que são exatamente o contrário
do que você se permite
enxergar.

Por que o desespero?
"Por que a pressa?"
Vi em várias músicas.
Por que a angústia?
Se as coisas estão complicadas,
resolva-as.
E não atropele-as. Não é assim.
Se você passar rápido,
não vai enxergar o detalhe.
Ah, amigo,
o detalhe é tudo.

"Tenho pouco tempo e muita vida."
Não.
Você tem muita vida e todo o tempo.
Você nem sabe quando a vida termina.
Nem se lembra de quando ela começou.
Então, não se preocupe com o fim.
"Não é o destino, não é o ponto de partida.
É a travessia."
Gonçalves Dias.

Viena até espera por você.
Mas a esquina também espera.
A garota legal também espera.
Os seus pais,
que nunca ouviram um eu te amo seu,
nem sentiram o seu carinho,
também esperam.
Acalme-se, e surpreenda a vida.
Não é um direito só dela.

Suba dois degraus e experimente sentar.
Veja o quanto já subiu.
Tome fôlego, e continue.
Depende de você, a sua vida.
Depende de mim, a minha.
O meu futuro existe, em algum lugar.
É ele que eu busco.
O passado ficou lá.
No passado. No canto dele.

E se a pressa é sua amiga antiga,
dê folga a ela.
Ou melhor:
chame-a para dançar.

Faça do 220,
um 20 bem aproveitado.

Perdas.

        
         Pode até ser esquisito, isso, de escrever algo que a gente sabe que o destinatário primordial não lerá. Eu conheço você. Sei que curtiu uma página por convenção, e que fala "Legal!" por ser a coisa mais próxima de sinceridade que encontrou para dizer.
Simples, prático e superficial.
          Pensei uns cinco dias, se passava para palavras ou não, essas ideias que me rondavam. Mais clichês impossível, por falar nelas. Mas concluí que, assim como eu, tantos outros se decepcionaram com promessas - e milhões dentre os demais ainda se decepcionarão. Faz parte da vida, não é? Quebrar a cara aqui, entender a verdade das coisas ali. Saber que nada vai ser como lhe disseram que seria. Sacar qual é a intenção das pessoas, ou sequer chegar perto de compreendê-las.

          Parei de usar circunlóquios nos meus textos. Espero que o fato de ser direta não lhe faça pensar que nutro mágoas, raivas ou "malquereres" por você.
Apesar de sim, eu nutrir parte de tais sentimentos.

          Não subestime meu senso de dedução, cara. É até vergonhoso, mesmo que para alguém nem tão rápido assim, pensar que eu não notaria certas lições.
Eu sei que o tempo encurtou, e que a liberdade para conveniências diminuiu. Porém, você não vai atrás porque não lhe convém, garoto (garoto, sim; homem, ainda não). Você não vem porque não tem graça vir. Não lhe fará diferenças. Não é tão importante quanto tantas outras "oportunidades de vida" que aparecem por aí. E, enquanto elas aparecem por aí, você some por aqui.
          Tem horas que eu tento até me convencer de que você ainda escuta Céu Azul e se lembra do dia em que colocou o fone no meu ouvido, enquanto ouvia essa música. E de que se lembra das tantas histórias que a gente compartilhou entre si. Dos segredos. Das confianças. Das liberdades que existiam entre a gente. Sabe, o lance de se compreender com os olhos. As palavras, cara, não era nada. Não eram porcaria nenhuma, porque a gente se compreendia de forma bem mais transcendental.
E era como essas magias que as pessoas juram que existem. E, talvez, existam mesmo!
Eu só não acredito que nos foi dado o direito de poder controlá-la.
Ou nos foi dado, e um lado interessado, simplesmente, se desinteressou.
          Amizade, cara, amizade não é isso. Amizade não é só um, entre dois, procurar. Amizade não é só buscar apoio quando há muitos problemas; o nome disso é apoio psicológico e, eu já expliquei: meu curso é Letras, não Psicologia. Não que eu deteste ajudar, pelo contrário; gosto muito. Acontece que, para tudo nessa vida, há limites e condições.
E os meus limites de ser tola acabaram, bem como as condições para isso que a gente tem/tinha, perderam totalmente o valor.
          Talvez o erro seja meu, por dar vazão a um valor que nunca mereceu mérito. Talvez o erro seja seu, por, enfim, merecer ler essas bobagens que escrevi. Talvez o erro seja nosso.
E talvez, o erro não seja de ninguém. Talvez, as coisas simplesmente mudaram, mesmo. E é isso aí, eu que me acostume com a ideia de que nem tudo permanece.
É só que eu não me esqueço fácil das vivências. Nem das experiências. Nem das pessoas.
Sou, muito mais facilmente, esquecida e/ou esquecível. E não é nem que eu seja uma pessoa horrível de se lidar; mas as pessoas cansam, evidentemente, de alguém com vocação para ser adulta demais.
          Mas, um dia, todo o mundo cresce, cara. Todo o mundo.
E os passos à frente se esgotam, e as pessoas se igualam.
E o texto que eu mandei no Ano Novo, pode perder, de vez, todo o sentido; ou, quem sabe?, clarear muitas coisas.

          Do futuro, entretanto, eu me recuso a escrever. Já cansei de ser saudosista e de lamentar o presente. Olhar para frente e ainda planejar é, me desculpe, exigir muito da minha boa vontade.
O que quer que você seja, cara, seja por si.
Eu, infelizmente, não vejo mais naturalidade na luz do nosso dia.


E, no final, nunca ouve dia em que você pudesse fazer mais por nós dois.


PS: Sua carta, aquela dos meus 16 anos, ainda está aqui.
E ainda é, disparada, a favorita dentre todas que ganhei, e dentre todas que escrevi.


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Passagens.



Meu bem:
os ventos mudaram, e eu melhorei.
Venho pedir-lhe perdão pelos momentos
em que, injusta, lhe acusei
das injúrias tão fogosas
que, a mim mesma, declarei.

Meu querido:
as falas calaram, e eu superei.
Venho pedir-lhe compreensão
pelos momentos em que, surda,
lhe concedi diversas lamúrias,
de mulher rechaçada,
ao quase homem
que eu quase amei.

Meu saudoso:
as vontades cessaram, e, enfim, me esvaziei.
Venho implorar-lhe paciências
pelas vezes em que divago,
insolente, pelos dias
em que todos os meus poços
de conhecimento
eu lhe dei.

Meu amigo:
os momentos passaram, e eu também passei.
Venho render-lhe dissernimento
sobre as tais coisas da vida
que, por sua furtiva (i)maturidade,
não as dediquei tempo -
e, por escolha,
eu mesma não lhe ensinei.

Meu passado:
as tolices morreram, e bobagens eu roguei.
Roguei aos céus, universos e estrelas
que ouvissem meus problemas
e abalassem minha erudição.

Roguei ao Deus, no único que creio,
que tirasse das minhas entranhas
a culpa das minhas mãos.
E roguei a mim mesma,
que por vezes fui perdição,
que abrisse meus próprios olhos
para aquilo que todos saberão:
enquanto poucos são eternos,
muitos não terão o perdão.
Enquanto poucos acertam,
tantos mais errarão.

E você, a quem tanto quis falar -
a você, quem eu tanto odiei
- o mesmo que, acima, quase amei.
Roguei que aprendesse a viver.
E que percebesse,
nos meios fios da vida,
que você quis ser amálgama;
e foi, tão apenas,
comutação.



E sobre o meu presente:
ele é dos poucos infinitos.
E não é mutável;
é apenas
fusão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Libertares.

      [Trilha sonora para o texto! Se quiser acompanhar a letra desde o começo da leitura, pule para 0:20]


A parede ruía, silenciosa.
O vento soprava a poeira.
Ao longe, os carros se esqueciam de passar.
O tempo parado, o momento ainda lívido.
A pulsação, forte.
Martelares frenéticos entre as costelas.
A respiração esquecida pelos pulmões.

Um outro muro caía:
era o muro das vergonhas.
Não havia mais nada delas.
Não havia mais o passado.
Não havia mais os erros imperdoáveis.
Ali, me presenteava com o perdão.
Ali, eu poderia me perdoar.
Eu poderia, enfim, me esquecer.
Esquecer que eu não merecia tal bem.
Esquecer que eu mereci, afinal, viver os males.
Mas, agora, eu tinha uma chance.
E ela reinava entre nós.

Íris e pupila.
Escuro e claro.
Opostos e semelhantes.
Combinantes.
Complexos e completos.
Encontrados em meio ao turbilhão.
Em meio à multidão.
Marcados por Deus, destino ou consequências.
Ou por tudo, em união.
Coexistência.
Coabitares.

Então eu estava explícita.
Assim, eu demais.
À mostra em tudo.
Meus segredos.
Minhas vontades.
Meus impulsos.
Meus orgulhos e minhas táticas.
Tudo, muito visível.
Pouco notável.
Mas esconder não é possível.
Não é viável.
Não será necessário.
Ele podia ver o que eu nem pensava em mostrar.
Assim, invasivo.
Ainda que cauteloso.
E, por isso,
tão mais dominador.

Eu, intimidada, não consegui desviar-me.
É entorpecente, ser o alvo.
Saber que é na minha direção.
É vício.
É viciante, e eu não quis ser forte.
Por que lutar?
Não há guerra!
Há paz.
Há bem.
Há dois lados que ganham.

A cada segundo, mais nua.
Despida dos revestimentos.
Nada além da chance entre nós.
Nada metafísico, além da conexão.
Nada que nos impedisse.

Tudo isso:
era ele, que me olhava.
E explorava.

Era eu, no modo mais simples.
Transparente.
Embaçada, talvez, mas pelo calor.
Nunca pelo medo.
Não há medo!
Há amor.

Ah, meu bem...
Há tanto amor!



quinta-feira, 31 de julho de 2014

.

A você, que confunde uma mulher com um pau de sebo.
Espero que aprecie essa singela e justa homenagem.
          Meus sinceros pêsames, pela morte da vergonha na sua cara. Mas tudo bem, não se preocupe! O medo, a angústia e o desconforto que sua falta de bom senso causa compensam o falecimento. Não chore, não se deprima; sabemos o quão dificílima há de ser essa perda. Somos hipersensíveis e frescas para esse tipo de coisa, como você mesmo adora dizer.
          Venho, em nome de suas especiais "escolhidas", dizer que o 180 agradece pela sua amável colaboração. É belo ver um cidadão, de indiscutível boa índole, colaborar para a demonstração de como um criminoso depravado se comporta. Agradecemos demais! Uma iniciativa fascinante. 
Afinal, para nós, deve ser um prazer sermos vistas como pedaços de carnes apetitosas e, por que não ousar?, esfregável.  Nossa, meu querido, uma honra! Até porque, convenhamos: quem se incomodaria?
Se mulheres atraem seus instintos mais imundos, por que vocês não podem dar uma forma para que isso se firme? É louvável de sua parte.
Olha, parabéns.
          Agradecemos, também, pelo seu decoro em sequer disfarçar as suas humildes intenções. Facilita a nossa compreensão! Da mesma forma funcionam suas olhadas para baixo, afim de confirmar se o 'encaixe pode ser perfeito'. Exatamente assim, mostrando ao mundo como nós nos parecemos com um joguinho de Tetris: "Mude a posição e veja onde cabe melhor!".
Tal atitude, amigo, é tranquilizadora! Mostra que não estamos lidando com amadores, ou com gente mal intencionada, não é mesmo? Você prova que está, apenas, buscando posições confortáveis numa lotação - se é que para você uma lotação se faz necessária.
Se não fossem esses sinais, confundiríamos alguém assim com um simples porco nojento.
O que seria profunda injustiça.
          Meu namorado compartilha a mesma opinião. Nossa, só de ele se lembrar que moças como eu são cobaias de suas demonstrações, uau, ele acha inacreditavelmente interessante.
Só me privo de escrever, aqui, o que ele diz a seu respeito porque de respeito mesmo é este meu blog, e eu detestaria manchá-lo com palavras indesejáveis. 

          Mas tenha nervos, meu caro.
Sabemos de suas doces intenções. Sabemos, igualmente, de seus bons conceitos. Sabemos como você nos enxerga. Sabemos que, em sua cabeça bastante evoluída e pela sua opinião coerente, deveríamos aplaudir, aprovar e pedir mais. Sabemos que somos nós, nossos shorts e nossos batons vermelhos que excitam você.
Somos as responsáveis. As únicas, claro. Você é vítima dos nossos jogos bizarros de 'sedução'.
De coração, muito obrigada!



E caso você não compreenda ironias, aqui vai um recado - dessa vez sim - justo e objetivo:
Você me causa asco. Repugnância. E desprezo nem um pouco silencioso. 


E a você, que entendeu, que já passou por isso, que presenciou uma situação parecida: denuncie. 180.
É ofensa, é abuso.
E não se acanhe, por favor:
o direito é nosso.
A vergonha é deles.
          

segunda-feira, 28 de julho de 2014

7.

[Soundtrack para o texto, gente!]

     
       7 cliques na barra de espaço para fazer um bom parágrafo.
       7 dias para se criar o mundo. 7 dias da semana. O primeiro deles, domingo, tem 7 letras. 7 selos e 7 trombetas. 7 dons. 7 cores no arco-íris.
E mil acasos que me levam até você. 
       7 livros de Harry Potter, 7 anos de formação em Hogwarts. 7 é, também, o número perfeito da magia. 7 anões com a Branca de Neve. 7 deuses na mitologia chinesa. 7 notas musicais. 7 maravilhas antigas no mundo. 7 signos com representação animalesca. 
E 10 coisas que eu não consigo odiar em você.
       7 colinas de Roma. Setembro, 7. 7 imperadores romanos assassinados. 7 cargos eletivos. 7 rainhas chamadas de Cleópatra. Na Índia, 7 cidades sagradas. 7 algarismos romanos (os outros, combinações desses legítimos). No Hino Nacional, 7 vezes "Brasil" é mencionado. 7 estados brasileiros desafiados por Lampião. 7 sábios gregos. 7 edifícios sagrados na Babilônia. 7 pecados capitais.
E minhas 21 (3x7) histórias.
       7 características apreendidas por duas pessoas que acabaram de se conhecer. Até os 7 anos, a criança mantém a inocência. Aos 14 (2x7), desabrocha a sexualidade. Ora, 7 pragas do Egito. 7 vidas de um gato. A casa das... 7 mulheres. Os 7 mares. 7 anéis para os Senhores Anões. 7 Power Rangers. 7 esferas do dragão. Fechado a 7 chaves. 7 palmos abaixo do chão. Pintando o 7. 

7x1, amigos. 7x1.

       7 planetas astrológicos. 7 virtudes divinas. Os 7 Arcanjos. Dança dos... 7 véus. 7 raios da Luz Sem Fim. O 7º céu. 7 anos para cada fase de personalidade. 7 CDs do City and Colours. 

2014 = 2+0+1+4 = 7.

Parece legal, né? Mas, no final das contas, eu mal acredito nisso. Nessas coincidências pequenas e numerais Não é isso que me importa.

Importa é que, a cada dia, você cresce em mim como árvore cresce em solo fértil.
A cada dia eu confirmo que tem valido a pena, abdicar do discurso de não querer ninguém.
Seus olhos são, cada vez mais, esse misto de encontro e perdição.
Como uma flor que, fechada em si, não via o sol. Fechada em medo, em turvas tentativas de espiar por cima das pétalas e arriscar segurança. E, ao notar o perigo, voltar-se a si.
De repente, percebe que já foi regada e bem nutrida - e não precisa mais depender de boas condições.
Sua hora chegou. Sua vez, sua chance.
E vê que, enfim, é hora de desabrochar. 

Entenda, meu amor:
para mim, que sempre me achei espinho, ver-me flor é a mais doce das conquistas.


Você é o meu 7º arriscar. 
E é um prazer dizer que a minha confiança não tem nada a ver com números.

Mas tem absurdamente tudo a ver com você.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Cinema #2

Mais um post diferente!
("post diferente" lê-se como "post que sane a minha falta de criatividade").
Outro filme lindo que fala sobre amor - e outras coisinhas mais.

La délicatesse (A delicadeza do amor, após adaptação para o nosso idioma) é um filme francês, de 2011, caracterizado como drama, dirigido por David e Stéphane Foenkinos.
O "drama", na minha opinião, é bem sutil - porém vivaz - durante todo o filme. A história se inicia com a alegria do casamento de Nathalie e Francois (Audrey Tautou e Pio Marmaï, respectivamente) - história e alegria essas que são, prematuramente, interrompidas pela morte de François devido à gravidade de um atropelamento.


Pois muito bem: Nathalie mergulha numa depressão bastante compreensível - já que ela realmente amava o esposo e, desde a morte do homem, vive sozinha na casa do "ex"-casal. Depois de meses, ela retorna ao trabalho e, dessa vez, mergulha na produtividade. Determinada a esquecer a grande perda de sua vida, Nathalie torna-se, para os colegas, uma pessoa "fria, estranha e magnificamente profissional". A viúva ainda ganha uma ótima promoção de seu chefe - interpretado por Bruno Todeschini. Ele, alem de admirar o trabalho de Nathalie, admira-a muito como mulher - e a moça precisa lidar com diversas cantadas inoportunas de seu chefe que, além de inconveniente (apesar de charmoso, ~cof cof~) é casado há muito tempo.
3 anos depois, a melhor amiga de Nathalie, Sophie (Joséphine de Meaux) diz que já é hora da amiga viver um novo amor, pois a solidão só lhe tratá frustração e problemas. Nathalie nega a proposta, mas, depois, mostra-se tendenciosa à análise.
E é aí que a situação ganha um tom de graça: um belíssimo dia, Markus (François Demiens), empregado de Nathalie e diferente dos padrões aceitáveis ("feio", desengonçado, "sem graça" e esquisito), com quem ela nunca falou, aparece na sala da chefe pedindo ajuda num problema de trabalho. Nathalie, sabe-se lá Deus por quê, levanta de sua cadeira e tasca um beijo-sugador-de-pia em Markus. Depois, diz que conversam outra hora sobre o problema no caso 114 e dispensa o homem.
E aí, meus amigos, a história realmente começa e vocês precisam assistir para conhecê-la.
É um filme encantador, e passa diversas lições - dentre elas, a importância de não se mediar pela opinião dos outros, os conceitos relativos e errôneos de beleza e, principalmente, a maneira como o amor sempre pode estar mais perto do que imaginamos.
A atuação de Audrey Tautou é ótima (o que não me surpreende, depois de seu trabalho como Amélie em O fabuloso destino de Amélie Poulain), e (daí o nome do longa) a delicadeza de cada cena é linda.
Markus é uma personagem apaixonante, além disso. E o fato de sua imagem fugir dos padrões "atrativos" à maioria das mulheres só aumenta essa impressão.
Espero que assistam e comprovem! É uma tapa na cara da sociedade, que acha inaceitável o sentimento verdadeiro por pessoas que não lhe pareçam "bonitas", "adequadas" ou "ideais".
A seguir, o trailer do filme!


PS: Foi indicado, em 2012, ao César (prêmio cinematográfico francês) de melhor primeiro filme e melhor adaptação (de uma obra literária vencedora de dez prêmios, e escrita pelo próprio David Foenkinos).


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Confusões.

[Soundtrack para o texto!]
       
          Ainda que perdida nos devaneios de um sonho profano, deixo-me perder ainda mais nos exageros daquilo que não existe.
          Penso se seria decente acreditar na correta possibilidade de que, no que penso, perco-me a cada ideia - e na perdição da dúvida, escolho o errado e o impróprio, guardando como mulher o desespero louco da menina inconstante que teima, teima habitar em mim.
          As notícias já não leio e das histórias pouco sei - mas não me importo (ou não consigo me importar) com o resto do mundo, enquanto este universo medianamente paralelo trava guerras colossais entre ética e estupidez.
          Mesmo que incompreensível à leitura, não escrevo para quem me lê; escrevo para quem me olha e mantém a ousadia inteligente de tentar interpretar o que há de mais inóspito em mim. Apaixonante seria a alma que, ao desvendar todos os segredos que malcriadamente alimento, permaneceria me chamando humana e não desistiria de confiar em mim.
          Mesmo, ainda ou sabidamente estranha, ligo pouco ao mundo e ignoro quem me profetiza. Nunca atentei ao inúteis e idiotas que insistem em me conhecer e me divulgar sem antes - sequer! - perguntar meu mal usado nome.

Ainda estou em guerra, e mato.

          Mato quem me mata, mato quem me consome, mato quem me salva - pois venero a solidão, enquanto a vida me ensina a ser pungente; de homem tenho tudo, de mulher manifesto a essência sedutora, e de extraterrestre marciana elaboro boa parte da minha lógica.
          Quem me vê compõe flor e perfume; mas, de jardim, cultivo o espinho da rosa vermelha que apodrece, sem perder o aroma natural que encanta e priva.
Vampira da atenção; mordo orgulhos e sugo conceitos. Largo a carcaça e vou-me embora.

Ainda mato em guerra, e sábia sou.

Ainda sábia, mato, e em guerra estou.

A mesma guerra mata; eu, ainda sábia, soube matar.

Mato porque sou sábia.
                                E a guerra já acabou.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Cinema #1

Amadíssimos!
Pois bem, o segundo post do dia é diferente mesmo:
ao invés de divagar sobre amor, recomendarei um filme que fala sobre o acontecimento desse tal sentimento. (Até rimou, que fofo!)
E o melhor: à base de música!

Once (Apenas uma vez, na quase nunca coerente tradução para o português) é um filme musical irlandês, do ano de 2007, dirigido (e lindamente escrito) por John Carney.
A história é bem peculiar (bem como a abordagem geral do longa): Em Dublin, cidade irlandesa, um rapaz toca e canta suas músicas pelas ruas, durante o dia. Paralelo a isso, uma moça imigrante, vinda da República Checa (ou Tcheca, tanto faz), tenta levar uma vida melhor num novo país.

"E qual é a parte comum a essas duas pessoas distintas?" Ora, a música!
Um belo dia, a moça imigrante (que já observava o irlandês cantor há dias) resolve questioná-lo sobre as composições e os talentos dele. Ela descobre, na conversa, que o pai do rapaz (e o próprio músico também) tem uma loja que conserta aspiradores de pó. Por coincidências desse destino louco que nos guia (#drama), a jovem tcheca tem, em casa, um aspirador quebrado - e, em suas mãos e voz, ela leva, também, o talento incrível para a música.
Parece clichê? Parece normal? Parece recorrente? Leia só mais um pouco.
O filme todo (cerca de uma hora e meia) teve um orçamento de 160.000 dólares - o que é bem pouco, caso vocês não conheçam orçamentos de filmes mundo à fora. Ele foi gravado em 17 dias, por uma câmera nos ombros de um câmera-man. Ninguém nas ruas de Dublin percebeu que era um filme sendo gravado - pensaram, de fato, que era um músico de rua, uma jovem interessada e um estranho filmando a cena.
Ou seja: a fotografia do filme é completamente original, lembrando um acervo pessoal de vídeos e, em certos momentos, fazendo-se parecer com um documentário.
"Ai, desculpa aí, mas eu só acredito em produções que receberam prêmios. Sou papa-troféus."
Não seja por isso!
Falling Slowly, canção do filme, composta e interpretada por Glen Hansard e Markéta Irglová (os próprios intérpretes das personagens protagonistas, sim!) ganhou o Oscar de melhor canção original - e foi, justamente, indicada ao Grammy de 2008. [E, aos fãs de programas de calouros, Kris Allen interpretou essa música no American Idol 8, e Simon Cowell julgou a apresentação como "brilhante".]
Além disso, o filme também ganhou o prêmio Independent Spirit de melhor filme estrangeiro.
Não vou revelar muita coisa sobre o enredo, mas posso garantir: foi a produção mais doce que já assisti. A interpretação, a maneira real de mostrar a música - e o nascer de um sentimento - são encantadoras, de verdade. Recomendo mil vezes! E digo que me apaixonei pela história.
Ah! O longa tem aproximadamente 20 músicas; 19 delas são composições originais de Glen e Markéta, que, após o lançamento do filme, montaram um lindo casal musical.
Interessados em conhecê-los? Procure "The Swell Season" no Youtube.
Espero que assistam! E sintam a sensibilidade e a delicadeza desse filme.
A seguir, uma das músicas de Once! (Com Glen e Markéta na interpretação, claro).



PS: Em momento algum você sabe o nome das personagens. Ele é apenas o Rapaz que Canta, e ela a Moça que Canta e é Imigrante. Isso torna o filme muito mais real, mostrando que o enredo é a personificação de muitos outros casos parecidos - e desconhecidos.





Angústias.

[Soundtrack do texto, galera! Aproveitem!]

O meu olhar já se desvanecia
por tua coragem que, muda, crescia
no amanhecer que a nuvem cobria,
à espreita de quem se atormentava.

E nosso sonho já não mais valia
quando minha dor, então, prevalecia.
E nossa noite se esqueceu do dia
em que adorar era tudo o que importava.

Seguimos, transbordando a euforia
dum acaso que, crescente, nos vencia.
Passado o tempo, todo o resto adormecia
na cama falsa, que a nós incomodava.

Desprezamos toda crise que pedia
por mais chances - suplicando poesias.
Mas a vontade, que, demais, se esvaía,
era o fim que aquela vida alimentava.

Encolhidos, suplantamos quem iria
abrir-se em flores; quem, por nós, aumentaria
a busca suave; busca da qual nos fugia
o amor real -
que, de nós, se afastava.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Dedicatórias.

[Trilha sonora para o texto! Leia ouvindo!]
                                      

       
         A você, querido amigo, que liga 23:59 do dia anterior ao meu aniversário e diz "Ei! Eu vou ser o primeiro, okay?". Que me olha e, assim que me vê, sabe que meus pais brigaram outra vez. Que sabe sobre as minhas histórias; orgulhos, preconceitos, arrependimentos e sobre meu medo de que, um dia, zumbis montem o tal apocalipse.
         A você, que nunca desiste de me acompanhar durante os percursos dessa vida comprida (que seja comprida! Temos muitos sonhos a realizar...). Que entende meu medo de mar, de água-viva e a minha mania de enfrentar o medo de altura. Que me liga e me convida para todas as festas de arromba, raves, pagodinhos marotos, forrós, teatros, orquestras e "aquele cara talentoso que toca viola e canta no centro da cidade". Que me conhece só pelo sorriso, que me desmonta só com uma intimação: "Eu te proíbo, garota, de ficar triste por motivos tão esdrúxulos. Tenha dó de si mesma, por favor".
        A você, que não se importa com os meus dias deprimidos. Que sabe quando eu não quero estar sozinha - mas preciso, e, por isso, se afasta e espera. Que já percebe que eu não assisto filmes sobre câncer por eles fazerem com que eu me lembre da minha avó, da minha mãe. Que memoriza os filmes que eu sempre quis assistir, e não assisto por preguiça de baixar no uTorrent. Que é o craque das minhas manias, o mestre de compreensão dos meus textos e o destino das minhas maiores gratidões.
        A você, que é a minha companhia a qualquer momento. Que ri quando eu tropeço (frequentemente, diga-se de passagem), que fala sobre as séries mais legais que eu - ainda! - não vi. Que tem uma vida, prioridades e objetivos - mas nunca se esquece das pessoas legais que lhe acompanham na arte de viver. Que valoriza essa família de irmãos que, bem, você mesmo escolheu. Que desabafa sobre a novela que teve um final deplorável, sobre o novo CD daquela banda que eu nunca nem ouvi falar e sobre a pessoa que lhe fez sentir apertos no coração.
         A você, que não me procura apenas para solucionar os seus problemas. Que sabe que eu faço faculdade de Letras, e não de Psicologia. Que conversa até sobre a unha do pé que, caramba, encravou de novo. Que não tem vergonha de contar os erros, que não se gaba propositalmente pelos acertos e que compartilha os medos das tentativas. Que tem sonhos e deseja realizá-los, e me conta sobre as intenções da maioria deles - maioria, não totalidade; todos nós precisamos de segredos. Que me apresenta a uma música porque, quando a ouviu, viajou para o por do sol que eu lhe mostrei. Que também tem histórias para contar. Que busca manter um diálogo plausível (ou não), coerente (ou nunca) e diário (ah, aí sim!).
         A você, que não altera o status da nossa amizade conforme a distância, o tempo sem conversar ou as vezes em que discordo das suas opiniões. Que não tem medo de parecer infantil e se mostrar por inteiro. Que se permite ser conhecido, deduzido. Que não engana. Que não monta farsas. 
         A você, que não é memorável apenas no dia 20 de julho. Que sabe o que significa dizer "Ei! Somos amigos. Os melhores, okay?", ou seja: uma vez dito, cria-se um laço. Que entende a injustiça, a dor e a decepção de se dispensar, ignorar ou desconsiderar amizades que (talvez...) foram verdadeiras. 

A você, que eu nunca vi, não sei o nome e nem imagino quando aparecerá:
um atrasado (ou adiantado?) Feliz dia do Amigo. 

Anseio por lhe conhecer.

Lições.

[Trilha para o texto! Dê o play e curta!]

       
        Ele é a sua razão de insônia. Demora-se, a cada dia um pouco, nos seus pensamentos. De um lado para o outro, você vira na cama e se lembra de tudo o que poderiam ter feito, ter dito ou ter sido. Analisando possibilidades, e nunca acontecimentos.
"Tudo para dar certo. Por que não podemos mais?".
        
        Porque, na vida, nós precisamos aprender a perder. A cair, quebrar nossa cara limpa e deixá-la suja. Nascemos chorando porque a redoma das nossas mães nos protegiam daquilo que vamos ter de enfrentar, uma hora ou outra.
Decepções são bons exemplos. E não se engane, porque quando você pensa que vai passar, não passa. Quando você acha que quase já superou, não supera. E quando se sente pronta para evitar pensar, não evita. É atrativo. Só há um sentimento mais perseguidor que a paixão:
a mágoa.
        Mentiras marcam mais que beijos, e essa é a maior verdade que eu poderia lhe dizer, hoje. Rejeições doem mais do que abraços amenizam. Os erros vão se tornar provas de que não se pode confiar - nem em si mesmo, muitas vezes. E é ótimo que seja assim!
Se as melhores sensações fossem sempre a solução perfeita para as piores ocasiões, ficaríamos dependente do bem estar. E, cá entre nós: a fossa faz parte do amor. Quem não sofre um pouco - um muito, um demais, um inacreditável - não aprende a valorizar os melhores sentimentos, as melhores pessoas e as melhores oportunidades de ser feliz. Então, que venham as dores!
Doeremos, lembraremos e, depois, melhoraremos.
        E se você fugir da tristeza, ela vai lhe perseguir até que você ceda. Assim, bem grude mesmo. Porque se você diz para si mesma que não é capaz de aguentar uma lembrança e uma lágrima, essa angústia vai se 'adesivar' no seu coração; decepções têm vida própria, sabia? E elas adoram uma batalha com a coerência das pessoas. E como os sentimentos mais opostos são os que convivem melhor (uma lição bonita para a vida, por sinal), é assim que as recaídas acontecem. É assim que você se esquece de que ele lhe afetou: você foge tanto de pensar na dor que, quando ela lhe encontra, você se rende às chantagens dela. E ela vence, ora. Com a maior facilidade esperável! 
        Por isso, quando parecer impossível não se lembrar, a solução é simples: lembre-se! Pense mesmo. Derrame uma, duas, vinte e três lágrimas. Pondere, conclua, ou não conclua; demore-se nos detalhes. Pense nos sorrisos, nos bons abraços e nos beijos. Não tem problema; não é fraqueza.
É história. É vida. É necessário.
        Por que sabemos reconhecer um pesadelo? Por existirem os bons sonhos. Por que evitamos o errado? Por conhecermos o certo. Por que nos cansamos das pessoas?
Por sentirmos que já fizemos tudo o que era possível. E é esse o segredo da insônia:
pensar até cansar. Canse-se, ora! Pare com a mania de se poupar "para o seu próprio bem", porque esse é o disfarce mais óbvio para a covardia. Enfrente-se, ora! Admita para si mesma que é um ponto vulnerável e veja o quanto você é humana. Assuma seus passados. Assuma seus problemas. Afete-se! Faça o que for possível.
Porque passa. Melhora, e você amadurece.
        Você vai ver muitos furacões nos noticiários. Muita destruição, muito desespero.
Mas eu garanto:
a cada furacão, as pessoas se reintegram. E se preparam para os próximos abalos.

Até que eles cessem, e seja possível lembrar-se, apenas, das reconstruções.

domingo, 20 de julho de 2014

(In)diretas.

[Soundtrack!]

Queridas colegas mulheres,
        É com sutil impaciência que lhes peço: parem de fazer drama. Parem de forçar desespero. Parem de postar status afirmando que "homem está difícil, hein".
Não, não está!
O problema é outro: vocês procuram personagens de comédia romântica ao invés de namorados. "O 007 do amor", "O Brad da Angelina", "O Clooney da minha vida".
        Ora, nós já somos taxadas de tanta coisa! E há quem queira adicionar mais um ataque: "em carência constante". Nossa situação nunca foi fácil (sem exageros ou surtos de feminismo), e vocês ainda gritam aos quatro ventos que 'precisam de um homem'. E mais!
Precisam de um homem que as ame, espere, beije na frente dos amigos - seus e dele - beije na frente da família - sua e dele; que as dê atenção na exata hora em que vocês querem, que não jogue futebol sempre que puder, que, preferencialmente, não tenha amigas mulheres (não gostosas, pelo menos), que não beba - não saia para beber com os amigos, na verdade - que se lembre de contar todas as coisas do dia (todos os dias! Quem consegue?), que sempre queira conversar...
E reticências infinitas.
Colegas: se quiserem alguém assim, recomendo que montem um sistema operacional! Com voz sexy e uma boca como ícone. Perfeito! Beije o celular/computador quando e aonde quiser, leve-o para quaisquer lugares e dê a ele o nome de Brad Clooney.
        Porque, queridas, homens têm defeitos - exatamente como nós também temos ("defeitos, eu? Nunca!"). Eles acordam de cara amassada, nem sempre estão de bom humor e SIM, aceitem: exatamente como nós ("de novo? Que mania de equivalência!"), eles precisam de tempo para si.
Você não é uma religião, a ser seguida 24h por dia; você é uma mulher! (Dã!)
Assuma-se como tal e pare de agir feito louca - ou de exigir características estupendas, como se você fosse perfeita e precisasse de alguém em pé de igualdade.
        O amor não nasce à força. E coloquem uma coisa na cabeça: homem algum vai se sentir seguro perto de uma mulher insegura.
Porque sim: exigir a perfeição só mostra o quanto você se sente incapaz de conquistar um cara normal, com condições e padrões de escolha (só não tão exatamente como os seus porque, pasmem: eles realmente são menos impossíveis que nós).
        E enquanto você fica sentada, de cara amarrada, esperando sabe-se lá quem ou quê, há homens também sozinhos, chateados porque há mulheres que reclamam demais. E que, talvez, por acharem que mulher alguma é capaz de se controlar num relacionamento sério, se viram com os famosos e criticados "casos sem compromisso".

"Como assim?!
Leiliane, você está defendendo a safadeza masculina?"

        1º: "casos sem compromisso" não é sinônimo de safadeza.
        2º: Não, eu estou mostrando a incoerência feminina! E mostrando, também, que eles são tão imperfeitos como nós. E é aí que mora o nosso "pé de igualdade" nos relacionamentos:
na imperfeição.
        Às vezes, precisamos nos arriscar um pouco. Ser conquistada é ótimo, mas saber conquistar prova firmeza, autoafirmação.
Seja a mulher da qual ele precisa, e não aquela da qual ele quer fugir.
E saiba: nem sempre você é a "solução para todos os problemas". Então... Sem ilusões, tudo bem?

"Mas Leiliane,
os homens legais não têm atitude!"

        E como ele vai saber que pode agir, se você, ao invés de mostrar interesse e reciprocidade, fica em constante espera estagnada?
Você amolece com uma boa pegada? Que maravilha! Eles respondem a estímulos também; indiretas, deixas e ambiguidades. São homens, queridas, e não gurus que adivinham os momentos desejados por nós.
Saiba ter paciência também; há outros prazeres além do físico.
Conhecer-se, conversar e ponderar: faz parte.

"Mas Leiliane, onde eu os acho?
Como eu conheço um homem disponível?
Só vejo bonitos gays, os bons estão comprometidos e os canalhas... Bem, são canalhas!"

        Colegas: os gays nasceram assim, então paciência. Os bons comprometidos estão, provavelmente, comprometidos com mulheres espertas e boas, também.
E fujam dos canalhas, pois eles atraem a síndrome do "ele-vai-mudar-por-mim".
E uma última dica:
as melhores histórias não são do tipo que se encontram.
A ideia para a criação delas surge quando você (pasme!) não está esperando.
E, então, ela é escrita.
Com boa vontade, pelas suas - sim, suas! - próprias mãos.



PS: ao meu amado homem imperfeito (fascinante, fascinante)...
eu que agradeço pela última sexta-feira.
Indie é sempre uma boa trilha.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Receios.

[Trilha pro texto, galera! Aproveitem!]
   
      E se eu acordar meio estranha, não me estranhe.
      Talvez você não saiba, mas esperei demais, tentei demais, inventei demais; planejei [de menos]. Talvez você não pense, mas o tempo passa e as pessoas mudam - mesmo que não queiram, mesmo que não possam.
Mesmo que tenham prometido o contrário.
      Tenho medo, entende? Medo da sua demora. Eu queria um abraço tolo, uma resposta, justa ao meu "Bom dia!" sincero, uma demonstração qualquer, que nasça primeiro em você - e não em mim, como de costume. Já não é fácil aguentar sozinha a sustentação desse grande abstrato que somos nós. Já não é fácil saber que você tem alguém especial - e que eu não tenho, especialmente, você. Então, tenta ver o meu lado... Tenta notar, tenta enxergar, perceber, concluir, deduzir. O que for!
Mas faz, mesmo assim. Por mim.
      Até porque... E se? E se você não vier, e se você não quiser, e se você a amar, a desejar, a preferir? E se ela for tão certa que oculta as minhas qualidades? E se ela te agradar mais que eu? E se ela for mais bonita, mais sensata, mais mocinha ou mais gentil? As minhas armas são as atitudes - essas mesmas que você não pode retribuir.
E se você realmente me quisesse... Já estaria comigo. Já seria o "nós". Porque a escolha é simples, mas a balança, inevitavelmente, pesa para um lado, não é? E esse lado não é o meu. Não é nosso. Não poderia ser.
      E sabe o que é pior? Eu ainda te esperaria. Se vocês terminassem, e lhe fosse conveniente ficar sozinho, eu esperaria. Se você não me quisesse, me rejeitasse a toda hora e me mandasse ir embora... Eu esperaria - de longe, mas esperaria.
Porque você nem imagina, não é? Que eu lhe escrevo todos os dias, que eu faço votos diários de "bom trabalho!", que Deus cansou de me ouvir pedindo pra Ele cuidar da sua alma. E que se um dia me perguntassem "o que ele fez pra merecer tanto?", eu responderia:
"Nada. Não me julgou. Não me maltratou. Não me menosprezou, não montou imagens. Foi apenas ele, com tudo o que vem no pacote. E isso me bastou; isso me basta."
      Por isso, se eu acordar estranha, não me estranhe tanto. É que a espera dói - e não poder lhe falar sobre tudo... Me paralisa. Me consome. Me faz engolir 1000 palavras que você não pode ouvir. Porque, para todos os efeitos, eu estou só lhe esperando.
Quando, na verdade, eu estou lhe esperando...
Sozinha.

Perdas.

Há pouco, perdi um grande amigo;
um grande amigo, por pouco, perdi.
Não há mais nem um pouco de mim
em seu peito:
é esse o castigo.

Tantos anos de amizade avançada...
Jogados fora por um tolo - enfim.
Se eu chorar, infeliz e amargurada...
Não me olhe - nem nutra pena por mim.

E se eu lhe chamar, um pouco esperançosa,
creditando a desculpa, pequena, que houver...
Ignore, pois, os pedidos desta rosa;
considere, apenas, o rancor que lhe couber.

Meus espinhos espetaram tuas costas,
e o teu escorreu, quente, sobre mim.
Meu perdão se esvaiu, frio, sem respostas...
teu ódio paira, pesado, em tom carmim.

Será possível, um dia, eu lhe olhar?
Desculpas minhas, a mim mesma, eu darei?
Não lhe condeno: nunca vou poder julgar
a morte turva, à amizade, que causei.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Cenas.

[Soundtrack do texto! E eu, particularmente, amo essa música!]
   
      E, por uns breves segundos, não havia mais nada.
      Senti o choque do encontro das nossas mãos. A corrente me percorreu. Os anelares se tocaram e não - não se anularam. Foi silencioso. Foi lento. Foi bonito.
A paisagem se desfez, as pessoas se afastaram. Apenas nós estávamos ali. Nós sentíamos aquilo.
Nós éramos, enfim, o nosso próprio 'nós'.
      Experimentei beijar-lhe o ombro. Tinha aroma de roupa limpa, natureza e colônia. Encostei a cabeça ali, entre meu peito e aquele coração. E, bem ali, nós nos sintonizamos. Tocamos a mesma música. Cantamos, calados.
E o sol nasceu às 17:37 de uma sexta-feira de julho.
      "Olha", ele começou, "perdoa o mau jeito.
Mas é que eu sou um tolo medroso, que não quer errar com você. Por isso, por favor, não fica pensando que eu vou te largar a qualquer momento. Não é assim.
Sei que eu não tenho atitude, mas, pelo amor de Deus, atitude era tudo o que eu queria ter. Mas, me diz: como eu te beijo com a minha boca seca de nervosismo? E se o hálito da pasta de dente já tiver passado? E se eu for rápido demais, nossos narizes se baterem e você gargalhar na hora do nosso primeiro beijo?
Com que cara eu fico, linda?
Cinco vezes a cada dez minutos eu me sinto prestes a te agarrar pela cintura e pedir, de um jeito especial, que você não vá embora. Enquanto a gente assiste a uns filmes, eu fico querendo ser aquele protagonista que mata doze mafiosos e volta, triunfante, pra abraçar a mulher que ama.
E se a gente escuta Los Hermanos, eu queria ter uma voz boa e cantar pra você. Eu queria... Que você fosse a minha Lisbela. Queria que a gente se agarrasse ao som de uma música da Legião.
Eu te respeitaria, e você se sentiria lisonjeada.
Mas é difícil... Reagir à sua presença. É difícil sentir que, dessa vez, eu não vou suportar perder, porque, você sabe... Eu sou o rei dos vacilos.
Olha... Só... Acredita em mim, tudo bem?
Eu te quero do meu lado. Bem aqui. Pra assistir a um filme de mafiosos e pra caminhar pela orla.
Eu sei que sou medroso, mas você, linda, não precisa ter medo.
Já me conquistou. Entende?"
      Ele me falou tudo isso, encarando as nossas mãos. Às vezes, parava; respirava fundo, pensava e seguia. Parecia ter ensaiado aquele discurso muitas vezes, antes de ter coragem pra verbalizá-lo. Eu poderia ter ouvido só os rascunhos e, ainda assim, eu sorriria para a verdade mais meiga da semana.
      "Se eu fosse a mulher amada, você mataria os doze mafiosos e voltaria pra me abraçar?", perguntei.
      "Se você fosse?" Ele riu.
      "Sim".
      "Você já é, garota", respondeu. E me olhou. "Você já é essa mulher".
      Às 17:50, o sol se pôs. Os tiros que ele disparou contra os doze mafiosos se transformaram em estrelas. A lua, crescente, assistiu às bocas secas e aos narizes se batendo.
Mas eu fiquei inebriada demais pelo gosto de hortelã que a pasta de dente deixara e, admito:
não pude perceber mais nada.


A diferença entre o filme e a vida é que, na vida, as coisas realmente acontecem.
E os vínculos existem para serem selados.

Términos.

[Soundtrack do texto, galera! Espero que curtam!]

De fato: mudei.
Sem ver nem pra quê!
Te larguei, maltratei...
O quanto? Nem sei.

Agora, na mata,
o frio que te mata
dá tapa, te ataca;
e eu te largo, sem lei.

Outrora, embora,
crianças nós fomos
e, cantores, cantamos...
De nós, eu cansei.

Por hoje já chega!
Crianças já fomos.
Calados ficamos...
Tapados, eu sei.

E foi-se o tempo
de ser o que fomos,
de cantarmos amores...
Para amar, não há lei.

Por hoje já chega!
Crianças são somos.
Calados, estamos...
Findados.
Eu sei.