quarta-feira, 23 de julho de 2014

Confusões.

[Soundtrack para o texto!]
       
          Ainda que perdida nos devaneios de um sonho profano, deixo-me perder ainda mais nos exageros daquilo que não existe.
          Penso se seria decente acreditar na correta possibilidade de que, no que penso, perco-me a cada ideia - e na perdição da dúvida, escolho o errado e o impróprio, guardando como mulher o desespero louco da menina inconstante que teima, teima habitar em mim.
          As notícias já não leio e das histórias pouco sei - mas não me importo (ou não consigo me importar) com o resto do mundo, enquanto este universo medianamente paralelo trava guerras colossais entre ética e estupidez.
          Mesmo que incompreensível à leitura, não escrevo para quem me lê; escrevo para quem me olha e mantém a ousadia inteligente de tentar interpretar o que há de mais inóspito em mim. Apaixonante seria a alma que, ao desvendar todos os segredos que malcriadamente alimento, permaneceria me chamando humana e não desistiria de confiar em mim.
          Mesmo, ainda ou sabidamente estranha, ligo pouco ao mundo e ignoro quem me profetiza. Nunca atentei ao inúteis e idiotas que insistem em me conhecer e me divulgar sem antes - sequer! - perguntar meu mal usado nome.

Ainda estou em guerra, e mato.

          Mato quem me mata, mato quem me consome, mato quem me salva - pois venero a solidão, enquanto a vida me ensina a ser pungente; de homem tenho tudo, de mulher manifesto a essência sedutora, e de extraterrestre marciana elaboro boa parte da minha lógica.
          Quem me vê compõe flor e perfume; mas, de jardim, cultivo o espinho da rosa vermelha que apodrece, sem perder o aroma natural que encanta e priva.
Vampira da atenção; mordo orgulhos e sugo conceitos. Largo a carcaça e vou-me embora.

Ainda mato em guerra, e sábia sou.

Ainda sábia, mato, e em guerra estou.

A mesma guerra mata; eu, ainda sábia, soube matar.

Mato porque sou sábia.
                                E a guerra já acabou.

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