segunda-feira, 21 de julho de 2014

Dedicatórias.

[Trilha sonora para o texto! Leia ouvindo!]
                                      

       
         A você, querido amigo, que liga 23:59 do dia anterior ao meu aniversário e diz "Ei! Eu vou ser o primeiro, okay?". Que me olha e, assim que me vê, sabe que meus pais brigaram outra vez. Que sabe sobre as minhas histórias; orgulhos, preconceitos, arrependimentos e sobre meu medo de que, um dia, zumbis montem o tal apocalipse.
         A você, que nunca desiste de me acompanhar durante os percursos dessa vida comprida (que seja comprida! Temos muitos sonhos a realizar...). Que entende meu medo de mar, de água-viva e a minha mania de enfrentar o medo de altura. Que me liga e me convida para todas as festas de arromba, raves, pagodinhos marotos, forrós, teatros, orquestras e "aquele cara talentoso que toca viola e canta no centro da cidade". Que me conhece só pelo sorriso, que me desmonta só com uma intimação: "Eu te proíbo, garota, de ficar triste por motivos tão esdrúxulos. Tenha dó de si mesma, por favor".
        A você, que não se importa com os meus dias deprimidos. Que sabe quando eu não quero estar sozinha - mas preciso, e, por isso, se afasta e espera. Que já percebe que eu não assisto filmes sobre câncer por eles fazerem com que eu me lembre da minha avó, da minha mãe. Que memoriza os filmes que eu sempre quis assistir, e não assisto por preguiça de baixar no uTorrent. Que é o craque das minhas manias, o mestre de compreensão dos meus textos e o destino das minhas maiores gratidões.
        A você, que é a minha companhia a qualquer momento. Que ri quando eu tropeço (frequentemente, diga-se de passagem), que fala sobre as séries mais legais que eu - ainda! - não vi. Que tem uma vida, prioridades e objetivos - mas nunca se esquece das pessoas legais que lhe acompanham na arte de viver. Que valoriza essa família de irmãos que, bem, você mesmo escolheu. Que desabafa sobre a novela que teve um final deplorável, sobre o novo CD daquela banda que eu nunca nem ouvi falar e sobre a pessoa que lhe fez sentir apertos no coração.
         A você, que não me procura apenas para solucionar os seus problemas. Que sabe que eu faço faculdade de Letras, e não de Psicologia. Que conversa até sobre a unha do pé que, caramba, encravou de novo. Que não tem vergonha de contar os erros, que não se gaba propositalmente pelos acertos e que compartilha os medos das tentativas. Que tem sonhos e deseja realizá-los, e me conta sobre as intenções da maioria deles - maioria, não totalidade; todos nós precisamos de segredos. Que me apresenta a uma música porque, quando a ouviu, viajou para o por do sol que eu lhe mostrei. Que também tem histórias para contar. Que busca manter um diálogo plausível (ou não), coerente (ou nunca) e diário (ah, aí sim!).
         A você, que não altera o status da nossa amizade conforme a distância, o tempo sem conversar ou as vezes em que discordo das suas opiniões. Que não tem medo de parecer infantil e se mostrar por inteiro. Que se permite ser conhecido, deduzido. Que não engana. Que não monta farsas. 
         A você, que não é memorável apenas no dia 20 de julho. Que sabe o que significa dizer "Ei! Somos amigos. Os melhores, okay?", ou seja: uma vez dito, cria-se um laço. Que entende a injustiça, a dor e a decepção de se dispensar, ignorar ou desconsiderar amizades que (talvez...) foram verdadeiras. 

A você, que eu nunca vi, não sei o nome e nem imagino quando aparecerá:
um atrasado (ou adiantado?) Feliz dia do Amigo. 

Anseio por lhe conhecer.

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