Dizem que amar é sublime,
Dizem,
ainda,
que amar é complicado.
Dizem, dizem e dizem,
que amar é sobrenatural.
Dizem, de novo,
que amar é chato e dói.
Ora, parem de dizer;
- amem primeiro!
Rotulem depois.
Discordo de todos:
penso que amar é,
na verdade,
ser a verdade no momento certo.
Olhar os olhos firmes,
ainda que duvidosos.
Abraçar o corpo macio,
ainda que travado.
Beijar a boca que é viagem,
mesmo sem sair do lugar.
Confiar,
por 2 minutos,
o peso de uma lágrima.
Ou de duas.
Ou de um desabafo inteiro.
Ou, ainda,
de uma incompreensão particular.
Mesmo depois de um dia cansativo,
perder o ônibus
por um beijo
mais caprichado.
Permitir que haja algo mais.
Ali, além da conversa.
Além da certeza,
ou da dúvida.
Além do medo,
da segurança.
Além do normal, sabe?
Algo, ali, que ninguém vê.
Nem mesmo você.
Sorrir por lembrar,
sorrir por companhia,
sorrir sem ser, apenas,
por convenção.
Sorrisos de convenção, amigo,
são os mais tristes.
Sorrisos de amor,
os mais raros.
Na verdade, eu acho
que nem há definição.
Amar é tudo,
e nada.
E é assim que as coisas são,
do mesmo jeito que Charlie
pode ser feliz e triste,
ao mesmo tempo.
Talvez, amar,
seja invisível.
"Você vê as coisas. Você guarda silêncio sobre elas.
E você compreende."
No final, Charlie nem era louco.
Talvez, eu penso,
amasse demais.
*Referências ao livro "As vantagens de ser invisível", de Stephen Chbosky.
Nós percebemos, com o tempo, que o amor romântico é superior aquilo que definimos. Não é?
Perdemos horas literárias buscando o conceito de 'amar'. Procurando o cerne da mais clássica ação sentimental (clássica e deturpada, mas tudo bem).
Ao final dos clichês, desistimos. E, talvez, amamos, sem saber.
Proponho, aqui, uma expansão de abordagem: ao invés do amor escrito, o amor sentido. Ao invés de encontrar amor em Nicholas Sparks, [o mel açucarado da atualidade], encontre o amor em quem você ama. Sim! Óbvio mesmo. E não o defina.
Apenas o encontre. Acredito que bastará.
Muitas vezes, enquanto olho aquele que me inspira a tantas aventuras de caneta e papel, noto a lacuna de liberdade que me atinge. Sim!
Minha maior inspiração limpa meus pensamentos. Anula forças. Dispensa citações famosas. Não há cliques de surpresa, não há ressalva.
Eu sinto, ali, apenas a observá-lo, um misto de preenchimento e alívio. Algo entre complemento e suprimento de ar. Se eu não tivesse medo de mar, seria como um mergulho no oceano: eu, fora do meu habitat, cercada de animais majestosos e encantos desconhecidos. E, por mais alheia que eu seja, me sinto valiosa por ter visto e sentido aquilo.
Há, na pequenez diante do colossal, uma aura de paz e conforto.
Portanto, não se desespere na procura de batimentos sem compasso. Suares frios, pernas bambas. Não.
As pessoas amam menos (ou pensam que amam menos) porque acham que amarão como outros amaram. As pessoas (nós todos, incluo-me nisso!) sentem menos porque se comparam demais.
Recomendo a tentativa de inversão.
Saia de sua caverna. Olhe além.
Diariamente, meu horizonte me sorri.
E é lindo, apesar de todo o medo, ser mais uma em alto mar.
Com frequência,
me perguntam se eu acordo,
todos os dias,
assim.
Sempre "animada".
Respondo:
"Não é apenas ânimo.
É intensidade.
É empenho de viver."
A lição que eu
tiro disso:
alguns perdem
tempo e esforços
só levando
as circunstâncias.
Eu não:
eu as aproveito.
Tenho problemas,
como todo o mundo
tem.
E alguns são difíceis,
como para todo o mundo
alguns são.
Mas, olhe só:
são só problemas.
E, se não passarem,
poderão ser contornados.
A lição que eu
tiro disso:
qualquer soco na cara
pode ser, a longo prazo,
afago na face.
Projota acredita
em amizade.
Fiéis acreditam
em Deus.
Gente 'da paz'
acredita em
boas vibrações.
Faça melhor:
acredite
nos três.
A lição que eu
tiro disso:
crença não é
divergência.
É coesão.
E eu não vivo melhor
que ninguém.
Não sei mais
que os outros.
Não me engano:
otimismo, meu caro, também tem
um lado ruim.
Mas, olhe só:
eu escolhi fazer,
e não só imaginar.
Concretizar,
e não só planejar.
Pronunciar, demonstrar
- e não só amar.
Escolhi, nos sofrimentos,
saber lidar.
Porque não, cara,
as pessoas não são obrigadas
a sentir pena das suas
dificuldades.
Nem você é.
A lição que eu
tiro disso?
Se o meu tempo acabar,
a perda
não vai ser só
choro.
Vai ser,
também,
exemplo.
E você, que acha
graça em errar sempre:
se contradiga um pouco.
Acerte, vez ou outra.
Há tempo.
Até quando,
não sei,
mas há tempo.
Então,
há oportunidades
de realizar mais
do que, simplesmente,
morrer tentando.
Não seja
espectro.
Seja
história,
boa de
se contar.
[ Estrutura textual baseada no trabalho ~maravilhoso~ de http://www.thebrocode.com.br/ ]
Acalme-se. Só um pouco.
Só o tempo de um texto.
Só o tempo de uma inspiração.
Só o tempo de uma brisa que passou.
Acalme-se. Refreie-se.
"Desligue o 'cel' e olhe o céu."
Não criei. Não vi num livro.
Vi num bar.
Sim, num bar.
As pessoas não apenas caem bêbadas.
Tem gente, tipo eu, que nem bebeu.
Mas foi e soube olhar.
Soube apreciar o que tinha ali.
E sempre tem algo.
Nunca é vazio, nunca é absorto.
Tudo é contexto.
Não é ter paciência.
É ter apreço.
Pela vida e pelas chances.
Pelos momentos.
"A vida é feita de momentos."
Não vi num bar.
Vi num filme, que tinha até morte no final.
Foi triste, mas foi bom.
Porque eu acalmei a revolta,
e olhei a vida que restou.
Não há vida para haver morte.
Há morte,
porque há vida.
E tem estágios
que são exatamente o contrário
do que você se permite
enxergar.
Por que o desespero?
"Por que a pressa?"
Vi em várias músicas.
Por que a angústia?
Se as coisas estão complicadas,
resolva-as.
E não atropele-as. Não é assim.
Se você passar rápido,
não vai enxergar o detalhe.
Ah, amigo,
o detalhe é tudo.
"Tenho pouco tempo e muita vida."
Não.
Você tem muita vida e todo o tempo.
Você nem sabe quando a vida termina.
Nem se lembra de quando ela começou.
Então, não se preocupe com o fim.
"Não é o destino, não é o ponto de partida.
É a travessia."
Gonçalves Dias.
Viena até espera por você.
Mas a esquina também espera.
A garota legal também espera.
Os seus pais,
que nunca ouviram um eu te amo seu,
nem sentiram o seu carinho,
também esperam.
Acalme-se, e surpreenda a vida.
Não é um direito só dela.
Suba dois degraus e experimente sentar.
Veja o quanto já subiu.
Tome fôlego, e continue.
Depende de você, a sua vida.
Depende de mim, a minha.
O meu futuro existe, em algum lugar.
É ele que eu busco.
O passado ficou lá.
No passado. No canto dele.
E se a pressa é sua amiga antiga,
dê folga a ela.
Ou melhor:
chame-a para dançar.
Pode até ser esquisito, isso, de escrever algo que a gente sabe que o destinatário primordial não lerá. Eu conheço você. Sei que curtiu uma página por convenção, e que fala "Legal!" por ser a coisa mais próxima de sinceridade que encontrou para dizer.
Simples, prático e superficial.
Pensei uns cinco dias, se passava para palavras ou não, essas ideias que me rondavam. Mais clichês impossível, por falar nelas. Mas concluí que, assim como eu, tantos outros se decepcionaram com promessas - e milhões dentre os demais ainda se decepcionarão. Faz parte da vida, não é? Quebrar a cara aqui, entender a verdade das coisas ali. Saber que nada vai ser como lhe disseram que seria. Sacar qual é a intenção das pessoas, ou sequer chegar perto de compreendê-las.
Parei de usar circunlóquios nos meus textos. Espero que o fato de ser direta não lhe faça pensar que nutro mágoas, raivas ou "malquereres" por você.
Apesar de sim, eu nutrir parte de tais sentimentos.
Não subestime meu senso de dedução, cara. É até vergonhoso, mesmo que para alguém nem tão rápido assim, pensar que eu não notaria certas lições.
Eu sei que o tempo encurtou, e que a liberdade para conveniências diminuiu. Porém, você não vai atrás porque não lhe convém, garoto (garoto, sim; homem, ainda não). Você não vem porque não tem graça vir. Não lhe fará diferenças. Não é tão importante quanto tantas outras "oportunidades de vida" que aparecem por aí. E, enquanto elas aparecem por aí, você some por aqui.
Tem horas que eu tento até me convencer de que você ainda escuta Céu Azul e se lembra do dia em que colocou o fone no meu ouvido, enquanto ouvia essa música. E de que se lembra das tantas histórias que a gente compartilhou entre si. Dos segredos. Das confianças. Das liberdades que existiam entre a gente. Sabe, o lance de se compreender com os olhos. As palavras, cara, não era nada. Não eram porcaria nenhuma, porque a gente se compreendia de forma bem mais transcendental.
E era como essas magias que as pessoas juram que existem. E, talvez, existam mesmo!
Eu só não acredito que nos foi dado o direito de poder controlá-la.
Ou nos foi dado, e um lado interessado, simplesmente, se desinteressou.
Amizade, cara, amizade não é isso. Amizade não é só um, entre dois, procurar. Amizade não é só buscar apoio quando há muitos problemas; o nome disso é apoio psicológico e, eu já expliquei: meu curso é Letras, não Psicologia. Não que eu deteste ajudar, pelo contrário; gosto muito. Acontece que, para tudo nessa vida, há limites e condições.
E os meus limites de ser tola acabaram, bem como as condições para isso que a gente tem/tinha, perderam totalmente o valor.
Talvez o erro seja meu, por dar vazão a um valor que nunca mereceu mérito. Talvez o erro seja seu, por, enfim, merecer ler essas bobagens que escrevi. Talvez o erro seja nosso.
E talvez, o erro não seja de ninguém. Talvez, as coisas simplesmente mudaram, mesmo. E é isso aí, eu que me acostume com a ideia de que nem tudo permanece.
É só que eu não me esqueço fácil das vivências. Nem das experiências. Nem das pessoas.
Sou, muito mais facilmente, esquecida e/ou esquecível. E não é nem que eu seja uma pessoa horrível de se lidar; mas as pessoas cansam, evidentemente, de alguém com vocação para ser adulta demais.
Mas, um dia, todo o mundo cresce, cara. Todo o mundo.
E os passos à frente se esgotam, e as pessoas se igualam.
E o texto que eu mandei no Ano Novo, pode perder, de vez, todo o sentido; ou, quem sabe?, clarear muitas coisas.
Do futuro, entretanto, eu me recuso a escrever. Já cansei de ser saudosista e de lamentar o presente. Olhar para frente e ainda planejar é, me desculpe, exigir muito da minha boa vontade.
O que quer que você seja, cara, seja por si.
Eu, infelizmente, não vejo mais naturalidade na luz do nosso dia.
E, no final, nunca ouve dia em que você pudesse fazer mais por nós dois.
PS: Sua carta, aquela dos meus 16 anos, ainda está aqui.
E ainda é, disparada, a favorita dentre todas que ganhei, e dentre todas que escrevi.
Meu bem:
os ventos mudaram, e eu melhorei.
Venho pedir-lhe perdão pelos momentos
em que, injusta, lhe acusei
das injúrias tão fogosas
que, a mim mesma, declarei.
Meu querido:
as falas calaram, e eu superei.
Venho pedir-lhe compreensão
pelos momentos em que, surda,
lhe concedi diversas lamúrias,
de mulher rechaçada,
ao quase homem
que eu quase amei.
Meu saudoso:
as vontades cessaram, e, enfim, me esvaziei.
Venho implorar-lhe paciências
pelas vezes em que divago,
insolente, pelos dias
em que todos os meus poços
de conhecimento
eu lhe dei.
Meu amigo:
os momentos passaram, e eu também passei.
Venho render-lhe dissernimento
sobre as tais coisas da vida
que, por sua furtiva (i)maturidade,
não as dediquei tempo -
e, por escolha,
eu mesma não lhe ensinei.
Meu passado:
as tolices morreram, e bobagens eu roguei.
Roguei aos céus, universos e estrelas
que ouvissem meus problemas
e abalassem minha erudição.
Roguei ao Deus, no único que creio,
que tirasse das minhas entranhas
a culpa das minhas mãos.
E roguei a mim mesma,
que por vezes fui perdição,
que abrisse meus próprios olhos
para aquilo que todos saberão:
enquanto poucos são eternos,
muitos não terão o perdão.
Enquanto poucos acertam,
tantos mais errarão.
E você, a quem tanto quis falar -
a você, quem eu tanto odiei
- o mesmo que, acima, quase amei.
Roguei que aprendesse a viver.
E que percebesse,
nos meios fios da vida,
que você quis ser amálgama;
e foi, tão apenas,
comutação.
E sobre o meu presente:
ele é dos poucos infinitos.
E não é mutável;
é apenas
fusão.
[Trilha sonora para o texto! Se quiser acompanhar a letra desde o começo da leitura, pule para 0:20]
A parede ruía, silenciosa.
O vento soprava a poeira.
Ao longe, os carros se esqueciam de passar.
O tempo parado, o momento ainda lívido.
A pulsação, forte.
Martelares frenéticos entre as costelas.
A respiração esquecida pelos pulmões.
Um outro muro caía:
era o muro das vergonhas.
Não havia mais nada delas.
Não havia mais o passado.
Não havia mais os erros imperdoáveis.
Ali, me presenteava com o perdão.
Ali, eu poderia me perdoar.
Eu poderia, enfim, me esquecer.
Esquecer que eu não merecia tal bem.
Esquecer que eu mereci, afinal, viver os males.
Mas, agora, eu tinha uma chance.
E ela reinava entre nós.
Íris e pupila.
Escuro e claro.
Opostos e semelhantes.
Combinantes.
Complexos e completos.
Encontrados em meio ao turbilhão.
Em meio à multidão.
Marcados por Deus, destino ou consequências.
Ou por tudo, em união.
Coexistência.
Coabitares.
Então eu estava explícita.
Assim, eu demais.
À mostra em tudo.
Meus segredos.
Minhas vontades.
Meus impulsos.
Meus orgulhos e minhas táticas.
Tudo, muito visível.
Pouco notável.
Mas esconder não é possível.
Não é viável.
Não será necessário.
Ele podia ver o que eu nem pensava em mostrar.
Assim, invasivo.
Ainda que cauteloso.
E, por isso,
tão mais dominador.
Eu, intimidada, não consegui desviar-me.
É entorpecente, ser o alvo.
Saber que é na minha direção.
É vício.
É viciante, e eu não quis ser forte.
Por que lutar?
Não há guerra!
Há paz.
Há bem.
Há dois lados que ganham.
A cada segundo, mais nua.
Despida dos revestimentos.
Nada além da chance entre nós.
Nada metafísico, além da conexão.
Nada que nos impedisse.
Tudo isso:
era ele, que me olhava.
E explorava.
Era eu, no modo mais simples.
Transparente.
Embaçada, talvez, mas pelo calor.
Nunca pelo medo.
Não há medo!
Há amor.