sexta-feira, 18 de julho de 2014

Perdas.

Há pouco, perdi um grande amigo;
um grande amigo, por pouco, perdi.
Não há mais nem um pouco de mim
em seu peito:
é esse o castigo.

Tantos anos de amizade avançada...
Jogados fora por um tolo - enfim.
Se eu chorar, infeliz e amargurada...
Não me olhe - nem nutra pena por mim.

E se eu lhe chamar, um pouco esperançosa,
creditando a desculpa, pequena, que houver...
Ignore, pois, os pedidos desta rosa;
considere, apenas, o rancor que lhe couber.

Meus espinhos espetaram tuas costas,
e o teu escorreu, quente, sobre mim.
Meu perdão se esvaiu, frio, sem respostas...
teu ódio paira, pesado, em tom carmim.

Será possível, um dia, eu lhe olhar?
Desculpas minhas, a mim mesma, eu darei?
Não lhe condeno: nunca vou poder julgar
a morte turva, à amizade, que causei.

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