sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Arriscar.

       

          Eu entendo a dor. Mesmo, sabe? Experiências passadas, presentes e provavelmente futuras. Afinal, ninguém sabe quando é a sua próxima vez de aprender da pior maneira. É a vida, não?        
É sim, é isso. Paciência.
          Mas queria que você soubesse que os fatos até marcam, mas eles são apenas temporários, se você não os vangloriar. E enquanto seu sangue corre mais rápido por tudo aquilo que não pode ser, o sangue de outrem nem corre mais com a melodia do seu nome - se é que, na verdade, um dia correu. E enquanto seu chocolate é 70% amargo, o dela nem meio amargo é. Os planos se perderam num "Não me importa, nunca me importou" que ela proferiu, finalmente. Os dedos entrelaçados, os olhares que tentaram ser profundos, os segredos que se compartilhariam, as fases a serem enfrentadas - as frases a serem ditas, os dias longe a serem contados, as circunstâncias que deviam ser vividas. A probabilidade da tentativa, a intenção da investida, a coreografia ensaiada, realizada...
E, depois, esquecida. Não parece justo e, bem, sabemos que realmente não é.
          Não quero machucar você, lembrando dessas coisas. E, se machuco, me perdoe, mas às vezes é preciso. Mas admita, que prefere manter a mágoa a arriscar de novo - arriscar-se de novo. Convencer-se, ao invés de se permitir. Abdicar, ao invés de conquistar. Abrir mão até de si ao invés de acreditar mais uma vez.
          Nada é tão longínquo. Absolutamente nada. Você, daí de dentro, tem seus problemas, e outro alguém, aqui de fora, também os tem. Talvez tão perto, tão bem camuflado e tão imperceptível...
Alguém que também se prende ao mal que resta, alguém que se contenta com pouco por medo de nada ter; que, se abraçada, tem cheiro de perfume, sabonete e histórias engraçadas (ou nem tanto) para contar. Alguém comum, sabe? Com conflitos, defeitos, restrições a serem superadas. Alguém com renúncias a serem feitas e verdades a serem admitidas, ora, por que não? Há sim. Alguém que se sente obrigada a fazer umas coisas, e que olha certas fotos e pensa "o que é que eu tenho feito mesmo? E por quê, e pra quem?". Ora, há sim.
          Escute, descrente: o amanhã existe!
E ele chega... Ele chega. Você só precisa abrir todos os seus olhos - não só os físicos. Ativar suas percepções.


E enxergar além do que consegue ver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário