segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Anseios.



Leve-me, homem:
por este dia,
que eu seja tua.
Toma-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

Não peço por uma metade tua
- não quero meia carne crua;
quero, apenas, sentir na pele
que, quanto mais o perigo nos repele,
maior incêndio acata a cama,
nua.

Prova-me, homem:
por este dia,
que eu seja tua.
Tenta-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

Esses teus meios, tuas honras, tuas caras,
teus modelos, ponderares, vãs ações;
teus instintos, teus avanços, teus falares...
Tuas vontades, teus tomares...
Nossas lições.

Pega-me, homem;
por este dia,
que eu seja tua.
Usa-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

São segredos mal expressos nos olhares,
e os ímpetos controlados por temor...
Ah, temor! O tal voo desnecessário...
Por que tentas?
Nossos seremos! Para que rubor?

Sonha-me, homem:
por este dia,
que eu seja tua.
Sente-me, homem:
por toda a noite,
que tu sejas meu.

Mas dispenso, já agora, o turvo dia
que, tão longo, mostrar-se-á em um sorrir;
e neste dia, nesta hora, pela aurora,
perguntar-lhe-ei:
"Cansaste?
Ou ainda mais longe podes ir?".

Nenhum comentário:

Postar um comentário